Manejo dos nódulos de tiroide deve ser guiado pela história do paciente
O maior desafio nessa seara é evitar procedimentos invasivos desnecessários

Achado frequente na prática clínica, o nódulo tiroidiano é um sinal comum a várias doenças da tiroide, como bócios coloides, adenomas, carcinomas, cistos e tiroidites (veja boxe). Pode apresentar crescimento lento durante muitos anos e ser percebido pelo paciente, palpado durante a consulta médica ou encontrado incidentalmente em exame de imagem, sobretudo à ultrassonografia. O desafio do clínico, diante dessa situação, é distinguir os indivíduos que realmente requerem condutas mais agressivas e, ao mesmo tempo e não menos importante, poupar a maioria de tratamentos e procedimentos desnecessários.Assim, na avaliação do nódulo tiroidiano, devem ser considerados o aspecto funcional do nódulo e a possibilidade de a lesão ser maligna. No primeiro caso, queixas compatíveis com tirotoxicose, como perda de peso, taquicardia, tremor de extremidades e arritmia, podem levar à suspeita de nódulo tóxico, enquanto a presença de lesão nodular concomitante a sintomas de hipotiroidismo suscita a hipótese de tiroidite de Hashimoto. Uma alteração no resultado da dosagem de hormônio tirostimulante (TSH) pode apontar para uma ou outra vertente.

No que concerne à natureza das alterações do nódulo, alguns dados da história clínica e do exame físico sugerem maior risco de malignidade, como idade (<20 anos ou >70 anos), sexo masculino, crescimento rápido e recente da lesão, história de irradiação ionizante de cabeça e/ou pescoço durante a infância ou na adolescência, irradiação total para transplante de medula óssea, parentes de primeiro grau com câncer de tiroide ou neoplasia endócrina múltipla (NEM). Em relação ao exame físico, achados como nódulo muito endurecido à palpação, fixação a estruturas adjacentes, paralisia de corda vocal ipsilateral ao nódulo e adenomegalia regional são os mais suspeitos.

Muitas lesões, mas poucas malignas
O uso indiscriminado da ultrassonografia de tiroide levou ao aumento da prevalência dos nódulos de tiroide – que, à palpação, não passa de 7% nas mulheres – para mais de 40% na população geral. De qualquer modo, apenas 5% dessas lesões são malignas e, na grande maioria dos casos, elas não se acompanham de disfunção tiroidiana. Por outro lado, a incidência do carcinoma de tiroide hoje alcança 24:100.000 pessoas e está se elevando nos últimos anos, a ponto de ser considerada a quarta causa de tumor maligno entre as brasileiras.


Possíveis diagnósticos
• Autoimunidade e alta suscetibilidade para infecções

• Doenças autoimunes na infância (em idade precoce e no sexo masculino)

• Autoimunidade associada a manifestações atópicas ou similares

• Múltiplas doenças autoimunes em qualquer idade

• História familiar de imunodeficiência primária

01 de setembro de 2014