Quando o fígado é alvo de um processo autoimune
Em conjunto com outros fatores, a presença de determinados autoanticorpos sugere fortemente esse tipo de hepatite

A hepatite autoimune (HAI) é uma doença inflamatória de etiologia desconhecida, que apresenta caráter progressivo. Acomete preferencialmente as mulheres e se caracteriza pelo encontro de hipergamaglobulinemia, de autoanticorpos circulantes e de infiltrado inflamatório portal na biópsia hepática. O exame diagnóstico requer a presença de alguns aspectos característicos, listados abaixo, e a exclusão de doenças hepáticas genéticas, hepatites virais, consumo de álcool maior que 25 g por dia e uso atual ou recente de medicamentos hepatotóxicos.


Aspectos laboratoriais e histológicos característicos de HAI:
• Aumento predominante de ALT

• Dosagem de gamaglobulina ou imunoglobulina G por volta de

1,5 vez maior que o limite superior da normalidade

• Títulos de autoanticorpos superiores a 1/80

• Hepatite de interface (necrose em saca-bocado ou atividade necroinflamatória periportal) na biópsia hepática

• Ausência de lesões biliares, granulomas ou alterações sugestivas de outras doenças




O esclarecimento nos autoanticorpos
A HAI está associada à presença do fator antinúcleo (FAN) e dos anticorpos anticitoplasma de neutrófilos com padrão pANCA atípico, antimúsculo liso (AML), contra a fração microssomal de fígado e rim (anti-LKM) e contra o citosol hepático (anti-LC-1). Esses marcadores devem ser pesquisados em todos os pacientes com alterações clínicas, laboratoriais e/ou histológicas sugestivas. Há também outros autoanticorpos circulantes que podem ser importantes para entender a patogênese da inflamação e auxiliar o médico no diagnóstico dos pacientes que não apresentam os marcadores tradicionais.



Autoanticorpos clássicos na HAI

01 de setembro de 2011