A doença de Crohn é uma condição inflamatória crônica do trato gastrointestinal que pode afetar qualquer parte do sistema digestivo, desde a boca até o ânus, mas mais comumente o íleo distal (parte inferior do intestino delgado) e o cólon (intestino grosso). É uma das principais doenças inflamatórias intestinais (DII) e pode levar a complicações consideradas graves, como obstruções intestinais e fístulas.
Alguns estudos já indicam que a ocorrência da doença tem aumentado globalmente, chegando a afetar milhões de pessoas. Além disso, a doença pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum entre os 20 e 40 anos.
A causa exata da doença de Crohn ainda não é completamente conhecida, mas acredita-se que seja resultado de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos.
Pacientes com histórico familiar de doenças inflamatórias intestinais têm maior predisposição a desenvolver a doença. Fatores ambientais, por exemplo, maus hábitos alimentares e tabagismo podem estar relacionados a seu desenvolvimento.
Uma reação equivocada do sistema imunológico causa uma resposta em excesso aos agentes ambientais, infecciosos e alimentares, causando inflamação da parede do trato gastrintestinal.
Os sintomas da doença de Crohn podem variar de acordo com o caso, dependendo da localização e da gravidade da inflamação. De forma geral, os sintomas mais comuns são:
Além desses sintomas, a doença pode causar complicações extra-intestinais, como inflamações articulares, lesões de pele e inflamação ocular. A intensidade dos sintomas pode variar de leve a grave, sendo que os pacientes podem experimentar períodos alternados de melhora e piora. Há a possibilidade também de evoluir com complicações como fistulização, infecção, oclusão e perfuração intestinal.
O diagnóstico da doença de Crohn envolve uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem.
Inicialmente, o médico realiza uma avaliação detalhada dos sinais e sintomas e do histórico médico do paciente e pode solicitar exames de sangue e fezes para detectar sinais de inflamação e infecção.
Métodos de imagem, como tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) ajudam a visualizar o trato gastrointestinal e a identificar mais facilmente quais são as áreas de inflamação.
A colonoscopia é frequentemente utilizada para avaliar os locais acometidos e para obter amostras de tecido (biópsias) para a confirmação do diagnóstico.
A Doença de Crohn pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do paciente e exigir adaptações na rotina, especialmente em relação a dieta, evitar tabagismo, evitar estresse, controle de depressão e ansiedade, evitar uso de anti-inflamatórios não esteroides, manter níveis adequados de vitaminas D e B12 e corrigir deficiência de ferro.
É recomendado seguir um plano de tratamento prescrito pelo médico gastroenterologista, que pode incluir medicamentos, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, cirurgia.
O controle do estresse também é importante, pois ele pode aumentar os sintomas da doença de Crohn. Técnicas de relaxamento, como meditação e exercícios de respiração, podem ser benéficas, além da prática regular de exercícios físicos sempre que possível.
É importante que o paciente mantenha um acompanhamento regular com seu médico para monitorar a evolução da doença e ajustar o tratamento conforme necessário.
O tratamento da doença de Crohn é focado em reduzir a inflamação, aliviar sintomas e prevenir maiores complicações.
As opções de tratamento geralmente são, a depender da gravidade e acometimento da doença:
Medicamentos anti-inflamatórios: aminossalicilatos (sulfasalazina, melasazina) e corticosteroides são frequentemente utilizados para reduzir a inflamação.
Imunossupressores: medicamentos como azatioprina e metotrexato ajudam a evitar a resposta imunológica anormal.
Imunobiológicos: medicamentos imunobiológicos, como infliximabe e adalimumabe, são utilizados para bloquear proteínas específicas envolvidas no processo inflamatório.
Antibióticos: podem ser prescritos para tratar ou prevenir infecções.
Algumas terapias biológicas são administradas por infusão diretamente nas veias, sendo uma opção terapêutica para casos graves e são muito efetivas para controle da inflamação.
Cirurgia: em casos graves, pode ser necessária a -ressecção de partes danificadas do trato gastrointestinal.