O lúpus eritematoso é uma doença em que o sistema imunológico desenvolve anticorpos contra tecidos saudáveis do próprio corpo, afetando principalmente pele, articulações, rins, sangue e sistema nervoso central.
Estima-se que cerca de 65 mil brasileiros com idade entre 20 a 45 anos convivam com o lúpus, dos quais a maioria é mulheres.
Ele pode levar a complicações graves, como insuficiência renal e problemas cardiovasculares, reforçando a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
Existem diferentes tipos de lúpus, cada um com suas próprias características:
É o tipo mais comum e pode afetar várias partes do corpo, como pele, articulações, rins, sangue, pulmões, trato gastrintestinal, olhos, cérebro, medula espinhal, coração e vasos. Esse tipo também é o mais grave.
Afeta principalmente a pele, causando erupções geralmente avermelhadas que podem deixar cicatrizes. As lesões ocorrem principalmente nos locais de pele expostos à luz solar.
Certos medicamentos causam sintomas semelhantes aos do LES, mas geralmente desaparecem quando o medicamento é descontinuado.
Uma forma rara que afeta recém-nascidos, geralmente devido à passagem de anticorpos da mãe para o bebê. O acometimento do coração pode persistir, enquanto os demais sintomas geralmente desaparecem no primeiro ano de vida.
A causa exata do lúpus ainda não é totalmente conhecida, mas é resultado da combinação de fatores genéticos, imunológicos, hormonais e ambientais, sendo que pessoas com histórico familiar de lúpus têm maior risco de desenvolver a doença.
Além disso, ela é mais comum em mulheres, especialmente durante os anos férteis, sugerindo que hormônios como o estrogênio podem ter relação com maior incidência da doença.
Fatores ambientais, como exposição ao sol, infecções virais e certos medicamentos também podem desencadear ou agravar os sintomas do lúpus em pessoas com predisposição genética.
Os sintomas do lúpus podem variar de pessoa para pessoa e podem surgir de forma súbita ou gradual. Entre os mais comuns estão a fadiga, dor e inchaço nas articulações, lesões na pele, sendo o mais característico da doença a lesão em face em forma de "asa de borboleta".
Além disso, muitos pacientes relatam febre, queda de cabelo e hipersensibilidade ao sol. Úlceras na boca ou no nariz também são frequentes, assim como dor no peito ao respirar profundamente, indicando possível acometimento pulmonar.
Problemas nos rins também podem ser causados pelo lúpus, podendo levar à insuficiência renal se não tratado adequadamente, além de anemia e outros distúrbios sanguíneos, contribuindo para a sensação de cansaço e fraqueza.
O diagnóstico do lúpus pode ser complicado devido à variedade de sintomas que podem imitar outras doenças. Na consulta médica, é feita a anamnese, com uma avaliação detalhada dos sintomas e do histórico familiar do paciente, além de exame físico completo.
Além dessa avaliação inicial, são realizados exames de sangue e urina para auxiliar no diagnóstico. Esses exames também auxiliam a identificação de atividade do LES. Não há um exame específico que identifica o LES. Testes como o fator antinuclear (FAN) e o anti-DNA de dupla hélice são frequentemente utilizados, assim como a análise de urina para avaliar acometimento renal.
Em alguns casos, pode ser necessária uma biópsia de pele ou rim para confirmar o diagnóstico. A biópsia permite uma análise mais detalhada dos tecidos afetados, ajudando a identificar características específicas do lúpus.
O acompanhamento médico regular é importante, incluindo consultas frequentes ao reumatologista e a outros especialistas para acompanhar a possível progressão ou acometimento da doença e ajustar os tratamentos conforme necessário, já que conviver com lúpus exige adaptações na rotina diária para controlar os sintomas e prevenir crises.
Além disso, o uso contínuo de medicamentos imunossupressores, anti-inflamatórios e corticosteroides, conforme prescrição médica, é bastante comum para controle da doença.
A proteção solar também é uma medida importante, incluindo o uso de protetor solar e roupas de proteção para evitar a exposição ao sol, o qual pode ser um fator desencadeante dos sintomas.
Manter uma dieta equilibrada e praticar exercícios físicos regularmente são outras medidas recomendadas para melhorar a saúde geral e reduzir inflamações causadas pelo lúpus.
O tratamento do lúpus é personalizado, depende dos órgãos acometidos e da gravidade da doença e pode incluir várias abordagens para controlar os sintomas e prevenir complicações.
Algumas opções de tratamento incluem:
Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): para aliviar a dor e a inflamação nas articulações;
Antimaláricos: como a hidroxicloroquina, que ajuda a controlar os sintomas cutâneos e articulares;
Corticosteroides: para reduzir a inflamação e melhorar os sintomas;
Imunossupressores: como azatioprina e ciclofosfamida, usados em casos mais graves para controle da atividade do sistema imunológico;
Imunobiológicos: medicamentos como belimumabe, rituximabe, que bloqueiam proteínas específicas do sistema imunológico;
Alguns tratamentos, como os imunobiológicos, podem ser administrados por infusão intravenosa em clínicas especializadas, proporcionando uma liberação controlada e eficaz do medicamento.