C. trachomatis e N. gonorrhoeae ainda se destacam como vilãs causadoras de DSTs
Além de poder coexistir no mesmo indivíduo, tais microrganismos são considerados causas preveníveis de doenças graves como a infertilidade

Consideradas um sério problema de saúde pública, a infecção por clamídia e a gonorreia apresentam elevada prevalência no mundo, porém os índices são maiores em países em desenvolvimento, afetando principalmente adolescentes e adultos jovens sexualmente ativos. No Brasil não há dados precisos, mas as estimativas sugerem que ocorram, por ano, quase 2 milhões de casos novos de infecção por clamídia e cerca de 1,5 milhão de casos de gonorreia.Apesar de ocasionarem infecções curáveis, mais comumente a endocervicite nas mulheres e uretrite nos homens, podem levar ao desenvolvimento de complicações, algumas delas graves, especialmente se não forem adequadamente diagnosticadas e tratadas, como é o caso da doença inflamatória pélvica (DIP) e da infertilidade, que ocorrem em até 40% e 25% dos casos, respectivamente.





Além da DIP e da infertilidade
Outro aspecto importante a ser destacado é que essas infecções podem aumentar o risco de aquisição e de transmissão do HIV em até dez vezes e, com o adequado diagnóstico e tratamento, a incidência de infecção pelo vírus na população geral pode diminuir. Além disso, alguns estudos sugerem que a infecção por C. trachomatis é um fator de risco independente para o desenvolvimento de câncer de colo do útero.


Destaca-se, ainda, que de 35% a 50% das mulheres infectadas com N. gonorrhoeae também são coinfectadas com C. trachomatis, fato que se torna ainda mais preocupante, considerando que a maioria das infecções por esses agentes nas mulheres é assintomática e, quando ocasionam sintomas, as síndromes clínicas podem se soprepor.

Por esse motivo, a sensibilidade do diagnóstico clínico é baixa, tornando-se imperativa a confirmação diagnóstica por métodos laboratoriais. Entre os exames para a pesquisa de clamídia, a detecção do DNA por PCR tem alta sensibilidade e especificidade e é indicada no rastreamento primário da infecção ativa. A técnica é superior à pesquisa de anticorpos no soro por imunofluorescência indireta e à imunofluorescência direta em raspado uretral ou endocervical. Já a sorologia para clamídia informa apenas que o indivíduo teve contato prévio com o agente. Do mesmo modo, a detecção do DNA da N. gonorrhoeae por PCR tem sensibilidade superior à da cultura em meio específico, pois não necessita da viabilidade bacteriana, e especificidade que se aproxima de 100%.

Particularidades das infecções clamidiana e gonocócica

Como fazer o rastreamento
Nos Estados Unidos, preconiza-se o rastreamento anual da clamídia em todas as mulheres sexualmente ativas com até 25 anos de idade e nas mulheres com mais de 25 anos, se tiverem fatores de risco, como novo parceiro sexual ou múltiplos parceiros. O rastreamento da gonorreia é recomendado para mulheres assintomáticas de alto risco – prostitutas, pessoas com história de episódios repetidos de gonorreia e mulheres com menos de 25 anos de idade com dois ou mais parceiros sexuais no último ano. Entretanto, no Brasil, ainda não existem recomendações oficiais quanto ao rastreamento dessas infecções. Fonte: CDC e United States Preventive Task Force

Fatores de risco de infecção e reinfecção por C. trachomatis e N. gonorrhoeae
• Início precoce de atividade sexual

• Ter múltiplos parceiros sexuais

• Troca frequente de parceiros (mais de um parceiro sexual nos últimos 90 dias)

• Baixa adesão ao uso de preservativos

• Nuliparidade, uso de ducha vaginal, presença de ectopia cervical, hábito de fumar e falta de conhecimento sobre as DSTs também são fatores comportamentais importantes que se associam à infecção por clamídia

01 de novembro de 2013
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