E se a suspeita for sífilis?
A forma secundária da doença deve ser lembrada em quadros de linfadenopatias agudas febris e rash cutâneo maculopapular difuso, envolvendo palmas e plantas

Diferentemente do que muitas pessoas acreditam, a sífilis continua ocorrendo com grande frequência em todo o mundo. Os sinais e sintomas de sua fase secundária costumam surgir cerca de oito semanas após a exposição ao Treponema pallidum. Nesse momento, habitualmente os anticorpos específicos já estão presentes e detectáveis. Assim, o diagnóstico baseia-se em testes sorológicos não treponêmicos e treponêmicos, que precisam ser interpretados conjuntamente.
O exame não treponêmico positivo geralmente corresponde à sífilis ativa em títulos iguais ou superiores a 1:16, mas, mesmo na presença desses valores, a confirmação não dispensa o teste treponêmico, já que o primeiro também pode apresentar positividade em doenças reumatológicas e em outras infecções. Contudo, uma vez que ambas as sorologias sejam positivas, o diagnóstico de sífilis secundária fica comprovado.

Na a+ Medicina Diagnóstica, utilizase a técnica RPR, ou rapid plasm reagin, para o teste não treponêmico, uma reação de floculação que, na prática, equivale ao clássico VDRL, mas que apresenta maior sensibilidade. Já no treponêmico emprega-se a quimioluminescência, que, assim como os ensaios imunoenzimáticos (Elisa) e o clássico FTA-Abs, é altamente sensível e específica.





Nem todo resultado positivo significa doença ativa
O teste treponêmico permanece positivo por toda a vida do indivíduo, sendo a “cicatriz sorológica” da infecção. O não treponêmico, por sua vez, diminui seus títulos gradualmente a partir do tratamento e deve ser repetido em seis e em 12 meses após o término da terapia. Em alguns indivíduos, até pode persistir positivo em baixos títulos (≤1:8), por vários meses ou anos, o que não indica atividade da doença ou falha terapêutica. Contudo, se houver reexposição, considera-se relevante a positivação do teste não treponêmico anteriormente negativo ou o aumento do título em quatro vezes (por exemplo, de 1:8 para 1:32). Convém lembrar que o comportamento sorológico pode ser atípico em indivíduos coinfectados pelo HIV e que existe a possibilidade de esses pacientes apresentarem reativação da doença depois do tratamento.


Mesma técnica para diagnosticar e acompanhar
Recomenda-se que o seguimento sorológico após o tratamento da sífilis seja feito com testes não treponêmicos executados com a mesma técnica. Embora baseadas nos mesmos princípios, as metodologias de RPR e VDRL têm sensibilidades diferentes e, portanto, resultam também em titulações diferentes de anticorpos. Assim, se o diagnóstico utilizou a RPR, a queda dos títulos deve ser acompanhada pelo mesmo método.

01 de março de 2013