O papel dos marcadores de fase aguda da doença coronariana
Conheça a abrangência desses testes em caso de suspeita de infarto agudo do miocárdio

Os marcadores usuais para avaliação da fase aguda da doença arterial coronariana abrangem as troponinas, os peptídeos natriuréticos e também a proteína C reativa (PCR). Altamente específicas para a detecção do dano celular, as troponinas cardíacas configuram o biomarcador de eleição para diagnosticar o IAM. Estão presentes nos músculos cardíaco e esquelético e apresentam três subunidades: T (TnT), ligada à miosina, I (TnI), inibidora de actina, e C (TnC), ligada ao cálcio e reguladora de sua concentração. As TnT e a TnI, que são as subunidades dosadas no laboratório, são consideradas padrão-ouro no diagnóstico do IAM.

Sua interpretação independe dos níveis de CK-MB e do eletrocardiograma, bastando um único valor elevado ou um valor de pico em dosagens seriadas para que o diagnóstico seja estabelecido.

Já os neuro-hormônios exercem importante papel na homeostase cardiovascular e compreendem o tipo A, ou ANP, liberado pelos átrios, o tipo B, cerebral, ou BNP, e o tipo C, ou CNP. Promovem diurese, natriurese, vasodilatação periférica, inibição do sistema renina-angiotensina e inibição da atividade simpática, elevando-se em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva.

O estiramento da musculatura cardíaca constitui-se no principal estímulo para a secreção de BNP. As dosagens tanto do BNP quanto do pró-BNP permitem avaliar a gravidade da falência cardíaca, sendo úteis no manejo do portador de insuficiência cardíaca. Nas síndromes coronarianas agudas, contudo, esses marcadores se prestam para fins de avaliação prognóstica.

Para flagrar e predizer

Já a PCR constitui-se num bom marcador tanto da presença de um evento necrótico no miocárdio como de sua gravidade e extensão. Na vigência de IAM, níveis séricos elevados relacionam-se com maior extensão da área de necrose miocárdica. O ensaio ultrassensível detecta níveis muito baixos e também pequenas variações de concentração em dosagens seriadas, permitindo predizer fortemente eventos cardíacos futuros.

Como a PCR também se eleva em processos inflamatórios/infecciosos, a avaliação de risco cardiovascular com o uso desse teste pode ser realizada por meio de duas determinações, separadas num intervalo de duas semanas, utilizando-se a média das duas dosagens. Se houver clara suspeita de inflamação/infecção aguda nesse período, a dosagem tem de ser feita de duas a quatro semanas após a resolução do quadro.

Vários estudos prospectivos indicam que níveis de PCR discretamente elevados estão presentes nos indivíduos com angina estável e instável, com risco para o desenvolvimento do IAM, em idosos com risco para doença arterial coronariana sintomática, em fumantes e em homens de meia-idade aparentemente saudáveis com risco para IAM ou AVC. Em mulheres, a PCR ultrassensível foi o preditor mais forte de risco para futuros eventos cardiovasculares.

Imagem: Modelo molecular da proteína C reativa.

EXPEDIENTE

Responsável técnica: Dra. Cristina do Rocio Mazur – CRF-PR 6.431

Editora científica: Dra. Barbara Gonçalves da Silva

Editora executiva: Solange Arruda | Apoio editorial: Marina Sá

Produção gráfica: Juliana Carvalho | Impressão: Leograf

Contribuíram com esta edição: Dr. Nairo Sumita, assessor médico em Bioquímica Clínica, Dra. Viviane Z. R. Giraldez, assessora médica em Cardiologia Molecular, e Dr. Wagner Baratela, assessor médico em Genética, todos do Grupo Fleury, e Dra. Milene Geiger Frey, assessora médica da a+ Medicina Diagnóstica no Paraná

06 de julho de 2018